28 abril 2009
um certo desinteresse
a nossa digressão passou ontem por strumica onde encontramos uma verdadeira onda de... desinteresse. indiferença é a palavra certa para definir a forma como a nossa passagem pela cidade foi tratada pelos cidadãos locais. nem o facto de se encontrarem próximos das fronteiras com grécia e bulgária contribuiu para espevitar o interesse. apenas a primeira sessão de debate, onde contamos com a presença do embaixador da hungria e do presidente da câmara, teve alguma presença, e ainda por cima na sua maioria de velhos do restelo, que afinam pelo mesmo diapasão do governo, e preferem deitar a culpa de tudo o que de mal acontece na macedónia nas costas da grécia. para a maioria destes, são mais importantes as palavras de heróis mortos há quase um século do que as palavras dos representantes da união europeia no país, que alertam para os reais problemas do país. o discurso do embaixador da hungria foi bastante mais macio e politicamente correcto do que o seu correspondente búlgaro na sexta-feira, o que contribuiu para este exaltamento patriótico a que assistimos ontem. valeu pelos contactos que efectuei com duas representantes da organização street law, com vista à minha colaboração em workshops que têm vindo a desenvolver em liceus locais. deixo-vos com uma curiosa imagem do centro comercial global, o maior da cidade e um dos maiores do país, que alberga no seu primeiro andar uma verdadeira feira do calçado... :)
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uma macedónia europeia?
26 abril 2009
salsichas loiras
tinha falado nisto no twitter, e como prometera fotos elas aqui vão! apesar de ter achado piada à ideia não é coisa para repetir muitas vezes, que isto de estar a enfiar o sparguete nas salsichas dá uma trabalheira danada! pois então aqui fica!
antes de cozer...
...depois de cozer...
...e regado com um molho de queijo e pimenta preta. alguém é servido?
um dia em delčevo
na sexta-feira passei o dia em delčevo, no arranque de uma iniciativa que irá levar a nossa organização um pouco por todo o país, em sessões de esclarecimento e informação sobre a união europeia e o processo de adesão. delčevo é uma pequena cidade no noroeste da macedónia, com cerca de 17 mil habitantes. situada a 15 km da fronteira com a bulgária, a população vê os seus vizinhos numa realidade diferente, e pergunta-se porque não têm as mesmas condições. aqui, num meio quase exclusivamente rural, se percebe ainda melhor a falta de informação e conhecimento em que vive mergulhado o país, no que toca aos assuntos europeus. para estas pessoas, a união europeia é sinónimo de assinaturas em papéis e dinheiro para o governo. e muitos acreditam, firmemente, que a macedónia ainda não está na união apenas e só por causa do conflito com a grécia.
ora isto não pode estar mais longe da realidade: a macedónia tem ainda um longo caminho a percorrer até poder fazer parte da união. quando me perguntam quando acho que isso será possível eu aponto 2015 como uma data realista; a maior parte olha-me de lado quando lhes falo nesta data. mesmo em skopje, apenas uma pequeníssima minoria está verdadeiramente informada sobre o processo de adesão, sobre o que implica cada fase do processo, sobre o que precisa mudar nos país para que haja condições para isso. para eles apenas um assunto interessa: o diferendo com a grécia. e assim é porque o governo reduz a visão que o povo tem da sua diplomacia a este assunto. as pessoas seguem de forma quase cega o populismo de algibeira do primeiro-ministro, baseado num nacionalismo quadrado e que ajuda apenas aqueles que estão no poder, ou dos que dele dependem. a informação que os organismos oficiais deveriam passar às pessoas só existe através de organizações como a nossa, que são sempre desacreditadas pelo governo como sendo fachadas para a oposição. é a velha máxima do "ou estão connosco ou estão contra nós"...
voltando a delčevo. se isto que escrevi no parágrafo anterior é verdadeiro em skopje, ainda mais verdadeiro se torna em meios rurais, e torna ainda mais fundamental o nosso trabalho. nesta abertura da digressão акција за европа (qualquer coisa como acção pela europa) tivemos o privilégio de contar com a presença do embaixador da bulgária em skopje, que com um discurso desempoeirado e, bastas vezes, politicamente incorrecto, terá ajudado a abrir os olhos a muita gente. várias ongs locais nos pediram ajuda com esclarecimentos sobre como obter fundos, já que junto do governo, em inúmeros contactos, nunca conseguiram obter qualquer tipo de ajuda. o dinheiro está lá, ninguém sabe é o que fazer com ele. na última fase da sessão, pediram-me também para falar um pouco. não estava planeado, e eu lá me engasguei com o meu macedónio (mesmo falando apenas 5 minutos) mas o suficiente para contar a minha estória "macedónia" e para falar aos muitos jovens presentes dos vários programas da união europeia que lhes podem permitir viajar pela europa. espero ter conseguido de alguma forma motivá-los para aproveitar os programas de intercâmbio para viajarem, para conhecerem a europa, outras culturas, outras formas de pensar, e depois trazerem essa abertura e essas ideias para o seu país, que muito precisa de outros pontos de vista para poder evoluir.
ora isto não pode estar mais longe da realidade: a macedónia tem ainda um longo caminho a percorrer até poder fazer parte da união. quando me perguntam quando acho que isso será possível eu aponto 2015 como uma data realista; a maior parte olha-me de lado quando lhes falo nesta data. mesmo em skopje, apenas uma pequeníssima minoria está verdadeiramente informada sobre o processo de adesão, sobre o que implica cada fase do processo, sobre o que precisa mudar nos país para que haja condições para isso. para eles apenas um assunto interessa: o diferendo com a grécia. e assim é porque o governo reduz a visão que o povo tem da sua diplomacia a este assunto. as pessoas seguem de forma quase cega o populismo de algibeira do primeiro-ministro, baseado num nacionalismo quadrado e que ajuda apenas aqueles que estão no poder, ou dos que dele dependem. a informação que os organismos oficiais deveriam passar às pessoas só existe através de organizações como a nossa, que são sempre desacreditadas pelo governo como sendo fachadas para a oposição. é a velha máxima do "ou estão connosco ou estão contra nós"...
voltando a delčevo. se isto que escrevi no parágrafo anterior é verdadeiro em skopje, ainda mais verdadeiro se torna em meios rurais, e torna ainda mais fundamental o nosso trabalho. nesta abertura da digressão акција за европа (qualquer coisa como acção pela europa) tivemos o privilégio de contar com a presença do embaixador da bulgária em skopje, que com um discurso desempoeirado e, bastas vezes, politicamente incorrecto, terá ajudado a abrir os olhos a muita gente. várias ongs locais nos pediram ajuda com esclarecimentos sobre como obter fundos, já que junto do governo, em inúmeros contactos, nunca conseguiram obter qualquer tipo de ajuda. o dinheiro está lá, ninguém sabe é o que fazer com ele. na última fase da sessão, pediram-me também para falar um pouco. não estava planeado, e eu lá me engasguei com o meu macedónio (mesmo falando apenas 5 minutos) mas o suficiente para contar a minha estória "macedónia" e para falar aos muitos jovens presentes dos vários programas da união europeia que lhes podem permitir viajar pela europa. espero ter conseguido de alguma forma motivá-los para aproveitar os programas de intercâmbio para viajarem, para conhecerem a europa, outras culturas, outras formas de pensar, e depois trazerem essa abertura e essas ideias para o seu país, que muito precisa de outros pontos de vista para poder evoluir.
23 abril 2009
a informação, ou a falta dela...
ontem tive o privilégio de assistir a um debate sobre integração europeia (organizado pela ong para a qual começo a trabalhar oficialmente em maio) que me deixou ansioso pelo início do trabalho a sério com esta instituição. a presença do chefe da missão da ue para a macedónia, o mui afável diplomata irlandês erwan fouère, muito contribuiu para isso. o senhor, que teve papel idêntico na eslovénia antes da adesão em 2004, não se refugia atrás da capa da diplomacia e do politicamente correcto, apontando claramente o dedo aos responsáveis pelo atraso da macedónia no cumprimento dos critérios de adesão. foi bom ouvir um representante oficial da união chamar os bois pelos nomes, procurando sensibilizar a população para os verdadeiros problemas da candidatura macedónia, desfazendo, pelo caminho, uma série de mitos como "não estamos na ue porque ninguém nos quer lá" ou "não entramos na união porque a grécia não gosta de nós". infelizmente, a cobertura dos meios de comunicação social deste tipo de eventos continua a ser bastante pobre, focando-se sobretudo naquilo que o senhor fouère disse em relação a uma possível data de adesão: "não tenho uma bola de cristal". a falta de informação é de facto um dos grandes problemas da ainda jovem democracia macedónia, e esta é uma das razões pelas quais o trabalho que vou iniciar agora, numa ong que se dedica precisamente a informar as pessoas sobre a ue e sobre o que é exactamente o processo de adesão, é um desafio enorme que me deixa em pulgas para começar a interagir com as pessoas e contribuir para a evolução da mentalidade do país e da visão que os macedónios (em particular os jovens) têm sobre a união europeia. é, seguramente, o maior desafio profissional que tive em mãos, e o que mais me entusiasma. i'll keep you posted...
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uma macedónia europeia?
17 abril 2009
onde estão os u2?
alguém saberá responder à pergunta do título? juro que me pareceu que acabaram de lançar um álbum agora, mas já o ouvi uma dezena de vezes e não reconheço a banda pela qual me apaixonei nos anos 90. a banda pela qual me apaixonei rompia estereótipos, tinha alergia a ficar no mesmo sítio mais do que 5 minutos, tinha vontade de se enfiar por todos os buracos da música pop, escavar, desenterrar, enterrar-se, e o que mais fosse possível para se reinventarem, para surpreenderem, para deixarem os fãs de cara à banda. estes são os u2 de que gosto, perdão, gostava, já que a última vez que tiveram este impacto em mim foi no dia 11 de setembro (foi mesmo, não é piada) de 1997, no estádio de alvalade, num fabuloso concerto da popmart tour. depois disso, ligaram o piloto automático. se alguém souber onde estão os meus u2 é favor deixar um comentário...
ps: estou a ouvir o novo álbum, mas só por causa das coisas vou mudar para o zooropa! :D
ps: estou a ouvir o novo álbum, mas só por causa das coisas vou mudar para o zooropa! :D
15 abril 2009
romeu e julieta, século xxi
por falar em autismo, eis um bom exemplo de autismo religioso: um casal de jovens afegãos foi ontem assassinado pelos taliban, porque pretendiam casar-se apesar das suas famílias se oporem à relação. foram mortos a tiro à porta da mesquita da sua aldeia, após terem tentado fugir para o irão. o que mais choca nesta notícia é o facto das suas famílias estarem ligadas aos taliban, e de, provavelmente, estarem por trás desta atroz decisão. sou cada vez menos capaz de entender a fé...
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sic transit gloria mundi
serão as metáforas politicamente incorrectas?
o mundo do politicamente correcto é muito divertido. ontem, os parlamentares portugueses baniram as palavras autista e autismo do parlamento, a não ser quando aplicadas à doença, a pretexto de não ferir susceptibilidades. a mim parece-me que a nossa classe política não gosta da riqueza da língua portuguesa, e quer aplicar-lhe um simplex. afinal, quanto mais simples for a língua, mais fácil se torna usar a demagogia, provavelmente a mais simples das armas políticas. gostava de dizer que esta notícia me choca, por ser uma excepção, mas depois do(s) (des)acordo(s) ortográfico(s), do allgarve, ou da linguagem sms no programa do português, sinto que caminhamos para o assassinato da pátria de fernando pessoa.
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sic transit gloria mundi
mais uma triste tentativa de me revitalizar como blogger...
já perdi a conta a quantos blogs tive. fossem sobre poesia, sobre futebol, ou generalistas, não faltaram tentativas da minha parte de me manter na comunidade bloguista. mas sempre fui um blogger muito preguiçoso. MUITO preguiçoso. acho que o blog de maior longevidade que tive durou, mais coisa menos coisa, 3 meses. à velocidade a que o mundo gira, isso não é nada. o twitter, vá-se lá saber porquê, deu-me vontade de blogar. é provável que seja só uma fase, um flirt cibernético tão absolutamente encantador como totalmente dispensável. a ver vamos se esta relação chega aos 4 meses...
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