31 maio 2009

vem aí uma onda



passei um bom pedaço da tarde a ver o vídeo de apresentação do novo google wave. dura uma hora e 20 minutos (eu sei, tenho de arranjar uma vida...) mas valeu a pena para ter uma ideia do que aí vem. e o que aí vem é a mais brilhante forma de comunicação de sempre. é e-mail, instant messaging, twitter, blog, partilha de fotos, vídeos, mp3s, e o que mais nos vier à cabeça, da forma mais intuitiva e user-friendly possível, numa só ferramenta e em tempo real. ou seja, para além de todas as possibilidades geradas por um programa que nos permite agregar as mais populares formas de comunicação que existem, a(s) pessoa(s) com quem estamos a falar vêem o que estamos a escrever enquanto estamos a escrevê-lo. além disso, qualquer pessoa pode editar qualquer coisa dita durante uma "onda", mesmo quando dito por outros, o que permite, por exemplo, a construção de documentos de trabalho ou partilha de notas de uma reunião, em tempo real, mesmo que um dos intervenientes não esteja presente. ao imaginar todas as potencialidades do google wave sinto-me como um miúdo de 6 anos na manhã do 24 de dezembro: ansioso pela hora de abrir o presente. infelizmente, só lá para o final do ano estará disponível... para quem estiver interessado (e, como eu, não tiver vida) aqui fica o vídeo:

30 maio 2009

dói-me o corpo...

...e a alma! este mês foi dos meses mais cansativos que já vivi; as constantes viagens, os debates sempre com as mesmas questões, os velhos do restelo que vamos aturando um pouco por todo o lado, tudo junto desgastou-me fisica e psicologicamente de uma forma que não me lembro ter acontecido anteriormente. desde o meu último post tivemos mais 3 debates, mas a vontade de escrever sobre eles no momento foi nula. este trabalho é sem dúvida fascinante e motivante, mas agora que esta digressão está a chegar ao fim só me apetece desligar. na próxima semana deixarei umas linhas mais sobre o assunto, agora que outros desafios se levantam à minha frente. no entretanto deixo-vos com o pink beetle, mais uma bela e curiosa descoberta skopjana... :D

23 maio 2009

este gelado não é para panisgas!

macho que é macho come... macho

já posso dizer que comi um macho... e gostei.

20 maio 2009

algumas coisas que me fazem falta neste lado do mundo...

a cascata sanjoanina

a tarte de limão merengada da minha mana

ver o "meu" penafiel

18 maio 2009

não me apetece nada falar sobre isto...

...mas vou deixar-vos uma palavrinha de qualquer das formas. sábado estivemos em kičevo, uma cidade com forte presença albanesa (cerca de um terço da população) e com consideráveis comunidades turca e roma. lá tivemos uma forte presença de público, mas um dos piores debates de sempre, extremamente politizado e centrado no confronto diplomático com a grécia. não tenho pachorra para ambientes destes, para salas cheias de velhos do restelo, casmurros e agarrados ao passado. para salas destas mais valia ficar em casa... é um verdadeiro desperdício, mais a mais que tínhamos connosco o embaixador da eslováquia, um senhor absolutamente admirável pelo seu dinamismo e pela sua vontade de dar a estas pessoas uma visão mais correcto do processo de adesão. debalde! ali ninguém queria ouvir nada; apenas manifestar a sua indignação contra a grécia. para ajudar à festa, o presidente da câmara ainda veio elogiar o governo pela forma como tem conduzido o processo de adesão... enfim, um debate para esquecer... o mais engraçado do dia foi mesmo o facto do hotel onde foi organizado o debate não ter cadeiras disponíveis, por estar a preparar um copo d'água para sáado à noite; as cadeiras vieram todas daí, dando à sala este aspecto:
parece tudo menos uma sala pronta para acolher um debate sério e interessante. e não é que não acolheu mesmo?... :(

15 maio 2009

estátuas macedónias ii

continuamos a nossa saga das estátuas de skopje, agora com aquela que será provavelmente a minha preferida (pela negativa, claro está). sem comentários...
eu chamo-lhe, carinhosamente, psycho girl... :)
mas porque diabo tem ela patas de elefante em vez de pés?!? :x
e é nisto que andam a gastar o dinheiro dos contribuintes...

a sala cheia e a meio vazia

ontem passamos o dia em prilep, quarta maior cidade do país, e ao contrário das duas sessões anteriores, tivemos sala cheia. na verdade, os empregados do hotel salida tiveram de ir buscar cadeiras à esplanada, porque não havia cadeiras em número suficiente para todos os que quiseram assistir ao debate. apesar disto, este foi dos eventos de que menos gostei, e isto deveu-se a várias razões. a primeira foi o embaxaidor austríaco, que presenteou a audiência com um discurso extremamente formal e diplomático, e que na fase de perguntas e respostas foi exasperantemente politicamente correcto, dizendo que a quem quis ouvir (e queriam, e muito!) que a macedónia está no caminho correcto para a adesão à união europeia. sabendo de antemão que nós, na segunda sessão, iríamos dizer o contrário, isto deixou o nosso caminho extremamente minado.
depois seguiu-se o presidente da câmara, que aproveitou a ocasião para se auto-promover, limitando-se, na sua intervenção, a enumerar os feitos alcançados do seu mandato anterior e os projectos para o novo mandato. não dedicou uma palavra que fosse à descentralização (um dos temas do debate) e só se referiu a programas comunitários (outros do temas do debate) quando alguma das suas obras estava incluída num desses programas.
para terminar, o público. já havíamos levado com muitas pessoas com discurso politizado, nunca tínhamos levado era com tantas ao mesmo tempo! para além de dar a sensação de que muitos estavam ali para beijar o chão pisado pelo embaixador e pelo presidente da câmara, ainda deixaram um rasto de perguntas inconsequentes, ligadas aos assuntos do costume: a disputa com a grécia, a liberalização dos vistos, a constante vitimização, teorias da conspiração (a europa não gosta de nós, se a bulgária está na ue nós também deveríamos estar, etc etc) e tudo o que de negativo já tínhamos ouvido ao longo deste mês, mas sempre em doses bem mais pequenas. acabei o dia a pensar que prefiro mil vezes a sala meio vazia que encontramos em štip, com pessoas razoavelmente informadas mas interessadas em saber ainda mais, do que a sala cheia de velhos do restelo que tivemos em prilep. de alguma forma não será coincidência que štip seja uma cidade com um forte passado multi-cultural, enquanto que em prilep vemos uma cidade orgulhosa do seu passado nacionalista, berço da primeira revolução macedónia contra os otomanos, e extremamente fechada sobre si mesma.
para terminar o dia em beleza, na viagem de regresso fomos brindados com um exemplo de como não se deve exercer a autoridade: fomos parados por uma operação stop com polícias que, desesperados na caça à multa e embriagados com o pedaço de poder que têm nas mãos, nos retiveram durante 20 minutos à procura de algo (sabe-se lá o quê) que já sabiam que não iriam encontrar. como se tudo isto não bastasse, mal saí da carrinha começou a chover copiosamente. vá que saio quase à porta de casa, e que a chuva serviu para me brindar com uma visão bonita:

13 maio 2009

como se fala para uma sala vazia?

os nossos dois últimos debates foram marcados pelo vazio. primeiro no sábado em štip, depois na segunda-feira em skopje. por razões diferentes, em ambas as cidades tivemos uma recepção abaixo do esperado em termos de números, com muitas cadeiras vazias à nossa frente, especialmente em skopje. nas duas cidades as explicações são bastantes diferentes, assim como foi a participação do pouco público presente.
os candeeiros deliciosamente retro do anfiteatro da casa da cultura de štip

no sábado visitamos uma cidade com fortes tradições políticas, tendo sido o local de nascimento dos primeiros presidente e primeiro-ministro da actual república da macedónia, assim como de alguns míticos líderes políticos das frentes revolucionárias macedónias dos séculos XIX e XX. além disso, era um ponto fulcral em várias rotas de comércio, tornando-se assim um ponto de intercâmbio cultural; durante séculos albergou comunidades de várias origens diferentes, sendo um exemplo de multi-etnicidade. a comunidade judaica era a maior da região, até à II guerra mundial, durante a qual a maior parte dos seus membros foi deportada ou assassinada. hoje em dia, a cidade é maioritariamente macedónia, e embora essa multi-etnicidade se tenha perdido, os seus cidadãos têm orgulho no passado multi-cultural da região, e procuram fazer perdurar essa memória. por tudo isto, esperavamos uma participação em peso, mas o facto de ser sábado e estar bom tempopoderá ter contribuido para o alheamento da população local. isto, aliado ao facto de não termos tido, pela primeira vez, a presença de um embaixador (todos marcaram presença em tetovo, para a celebração do dia da europa da missão da ue na macedónia), afastou as pessoas do nosso debate.
monumento de homenagem à antiga comunidade judaica da cidade

no entanto, a participação dos presentes foi bastante interessante: quem esteve na casa da cultura mostrou interesse pelos temas apresentados, e apresentou questões interessantes. devido à ausência de um embaixador, eu fui "empurrado" para a primeira sessão, tendo mesmo sido eu a fazer a primeira declaração do dia. à medida que me vou habituando a falar em macedónio em frente a um público vou-me sentindo mais à vontade; já "navego" bem pelas minhas notas, e não tenho tanta necessidade de olhar para os papéis enquanto falo. o problema maior é se me colocam perguntas: primeiro porque nem sempre percebo o que me estão a dizer; depois porque nem sempre sei como responder. ainda assim, tudo correu bem em štip, onde o meu macedónio foi elogiado por várias pessoas.
já em skopje a explicação para a sala vazia é bastante diferente. a data não foi, nem de longe nem de perto, a melhor: entalados entre o dia da europa, que levou à organização de debates e eventos na segunda-feira (vá-se lá perceber porquê, já que foi no sábado...), e a tomada de posse do novo presidente, que ocorreu ontem e que levou à organização de vários outros eventos, o nosso acabou por atrair pouco interesse. cerca de 30 pessoas, metade das quais ligadas à nossa organização, assistiram ao debate, que só teve uma vantagem: no final estava a 20 minutos de autocarro de casa...

09 maio 2009

as fronteiras e o amor

este mês o tempo escorrega-me pelos dedos; este enorme desafio de procurar aproximar os macedónios da união europeia e de melhor os informar sobre o processo de adesão está-me a ensinar, da forma mais dura, o significado da expressão "o tempo voa". com as constantes viagens, as aulas de macedónio, ir às compras, etc e tal, tenho passado, em média, 12 horas fora de casa todos os dias... não há blog que resista a estas condições! desde o último post houve mais duas deslocações, e ainda uma festarola toda pipi, mas um cada assunto no seu post!

começamos, então, por quinta-feira, dia em que nos deslocamos a veles. esta era uma cidade à qual já há muito devia uma visita: para além de ser a terra natal da mãe da vesna, é uma cidade que ganhou nome pelos piores motivos possíveis, visto ter sido várias vezes considerada a cidade mais poluída da europa. talvez por isso mesmo o interesse dos seus cidadãos no nosso debate foi enorme, sendo que para a primeira sessão o anfiteatro da câmara municipal estava completamente cheio, e havia mesmo pessoas que assistiram de pé. não apenas isso, levantaram também questões muito interessantes, sobre vários temas, que levaram a uma discussão interessante e pouco politizada, uma marca infelizmente muitas vezes presente nas ideias dos públicos para quem falamos. na segunda sessão (que é basicamente um q&a acerca da ue), em que mais uma vez tive uma curta intervenção, voltamos a ter uma grande participação, obrigando-nos a alargá-la da habitual hora para quase hora e meia.
o rio vardar, que atravessa tanto veles como skopje: um bom exemplo da poluição que assola a cidade

nesta segunda sessão falou-se sobretudo de um tema muito em voga actualmente, que é a liberalização dos vistos. é uma das coisas que mais incomoda os macedónios, o facto de terem tanta dificuldade em viajar e sair do país. a obtenção de vistos, mesmo de turismo, para entrar no espaço schengen é uma enorme montanha de burocracia, penosa e cara, naturalmente fechada à maioria dos cidadãos. é um daqueles privilégios que nós, cidadãos da ue, temos, e nem damos por ele. este processo tem sido dos poucos em que o governo tem investido um grande esforço, por saber que é uma questão que interessa a milhares de macedónios, e que lhes granjeará muita popularidade quando estiver resolvida (provavelmente próximo do final do ano). infelizmente, até nesta questão os macedónios não estão suficientemente informados, já que acreditam que esta liberalização lhes abrirá as portas do mercado de trabalho europeu; tarda em chegar a explicação do governo que esta liberalização diz apenas respeito aos vistos de turismo, e que assenta num princípio de reciprocidade: basicamente, os macedónios terão no espaço schengen o mesmo estatuto que um cidadão da ue tem na macedónia. isto, por si só, representa no entanto um fantástico ponto de partida, já que a tão necessária mudança de mentalidades só acontecerá se houver a possibilidade de saltar estas fronteiras e barreiras que se lhes levantam, e conhecer outros povos, costumes e culturas; só assim lhes será possível evoluir da típica mentalidade balcânica para algo mais pan-europeu, em que, sem esquecer as suas raízes, adoptem uma postura mais crítica e ambiciosa em relação ao seu país e às suas gentes.
o meu nome escrito em círilico :D

em veles tive também oportunidade de rever uma antiga colega do serviço de voluntariado europeu. é verdade, não fui o único a regressar a este cantinho dos balcãs: a laura, uma simpática gigante (quase 1,90m! :o) da letónia apaixonou-se por um macedónio de veles, e acabou por ficar por cá. há dois meses atrás tiveram o primeiro bébé macedónio-letão de todos os tempos. :D quando falo com jovens por este país fora sobre o sve e outros programas de intercâmbio da ue digo-lhes que são oportunidades únicas e que seguramente mudarão as suas vidas; maior exemplo que o da laura não existe, seguramente! o pequeno ognen (um nome tipicamente eslavo) é um símbolo da nova europa que temos vindo a construir desde os anos 50; que com ele cresça também uma nova macedónia é o meu desejo.

06 maio 2009

um aviso para o futuro

a nossa digressão levou-me ontem até negotino, cidade do centro do país, com cerca de 15000 habitantes. apesar de ficar longe dos centros de decisão, e de não se encontrar sequer perto das fronteiras com bulgária e grécia, o interesse no debate foi grande: registamos mais uma sala cheia, com a maioria dos presentes a serem representantes das ongs locais, os mais interessados na possibilidade de obter fundos que o governo continua a não saber distribuir. apesar das perguntas continuarem a ser as mesmas, cidade após cidade, é bom verificar que há pessoas com interesse nestas questões, pessoas que querem saber, e que já perceberam que com este governo dificilmente terão acesso à informação que pretendem. de qualidade foi também a intervenção do embaixador da eslováquia, que alertou para os vários perigos que o processo de adesão à ue representa, como o deslumbramento pelos fundos comunitários ou a falta de investimento na formação qualificada ou até o perigo de formar jovens competentes que depois acabam atraídos pelas melhores condições de vida noutros países da união. este é um dos reais perigos para o futuro a médio/longo prazo do país: não saber segurar os jovens qualificados, permitindo que os seus melhores partam para outras paragens, onde terão melhores ordenados e outro tipo de condições, não só de vida como de trabalho. é preciso começar hoje a preparar um mercado de trabalho que saiba absorver (e pagar a) estes jovens que terão melhores possibilidades no estrangeiro, porque só assim o país poderá evoluir e acompanhar outras economias, nomeadamente as de outros países dos balcãs que estão neste momento lado a lado com a macedónia no processo de adesão (nomeadamente croácia e albânia). esperemos que este tipo de avisos e discursos não caia em saco roto, como é comum por aqui...

estátuas macedónias i

skopje é uma cidade populada por estátuas. agora mesmo começaram as obras para colocação de uma gigantesca (e grotesca, na minha opinião) estátua de alexandre o grande na praça central. não tenho nada contra a colocação de estátuas, mas a falta de gosto marca, infelizmente, a maior parte delas. há um pouco de tudo neste bizarrismo skopjano, e achei que era uma coisa que valia a pena partilhar com vocês. aqui fica o primeiro exemplo, uma estátua carinhosamente referida como fly fuckers...

:D

01 maio 2009

encostados à grécia

quarta-feira visitamos a cidade de gevgelija, cidade que nos acolheu com uma grande receptividade e interesse. a sala do hotel apollonia onde realizamos o terceiro debate desta "digressão" encheu, e os empregados do hotel tiveram de ir buscar mais cadeiras e colocar um fila extra na frente para acolher todos os interessados. talvez seja pela proximidade com a grécia, dado que é a fronteira mais importante com os helénicos (uma espécie de vilar formoso cá do sítio), talvez a promoção da câmara local tenha sido mais efectiva; fosse pelo que fosse, o evento foi um sucesso, não só pelo número de participantes como pelo seu interesse (apesar das perguntas continuarem a ser as mesmas, revelando que a falta de conhecimento sobre assuntos europeus é mesmo nacional). mas se foi um sucesso isso não se deveu ao vice-embaixador da eslovénia, que teve uma triste presença no debate: completamente fora do contexto, sem qualquer preparação, limitou-se a ler factos de uma apresentação de powerpoint imprimida à pressa, seguramente, antes da viagem. muito me desiludiu, particularmente por ter a ideia dos eslovenos serem um povo extremamente organizado e responsável. fiasco esloveno à parte, tudo o mais foi um sucesso, incluindo o meu pequeno discurso (apesar de não ser preparado e de ter falado em inglês). não posso deixar passar em claro o divertidíssimo nome do senhor presidente da câmara: ivan... frangov! deixo-vos uma foto da sala do debate poucos minutos antes do início (ainda chegariam mais pessoas!):

num dos intervalos, como é tradicional houve uns snacks, entre os quais se encontravam uma espécie de sonhos em miniatura:

maravilhosas coincidências! chama-se tulumba, e são iguaizinhos aos nossos sonhos! iguaizinhos! :o finalmente, deixo-vos com uma pensão com cores no mínimo originais:
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