24 agosto 2009

the boy never gets older

a semana passada viciei-me no primeiro álbum dos raconteurs, broken boy soldiers, e, em particular, na faixa (quase) homónima.

m stands for... ?

desencantei esta foto de skopje no site da bbc, numa imagem perfeita daquilo que é o país: a enorme vontade de copiar os padrões ocidentais de uma sociedade que tem, no entanto, raízes profundas noutros lados...

23 agosto 2009

uma relação de amor-ódio

se, há 3 anos atrás, alguém me dissesse que eu ainda estaria na macedónia por esta altura, eu diria que essa pessoa estava louca. tinha uma enorme curiosidade em relação a esta zona da europa, e estava entusiasmadíssimo quando cá cheguei, mas não me passava pela cabeça cá ficar. lembro-me perfeitamente desse primeiro dia, da chegada a um aeroporto incompleto (sem hall de espera...), dos aviões militares estacionados ao longo da pista (quase que se sente termos chegado a uma zona de guerra), da primeira palavra que vi escrita em macedónio, com números no meio (a palavra era излез, saída, e o que parece ser um 3 é na verdade o z do alfabeto cirílico), das muitas árvores plantadas por todo o lado... admirável mundo novo era a macedónia, nesse dia, para mim.
passados 3 anos, tenho dificuldade em fazer um balanço. gosto da macedónia como país de passeio, mas com pequenas pérolas que se descobrem aos poucos, aqui e ali, escondidas como tesouros do tempo de alexandre o grande. já como país para viver tenho mais dificuldades em gostar desta salgalhada, em que ninguém se entende e ninguém parece querer fazer-se entender. gosto dos macedónios como pessoas acolhedoras, de coração aberto, que gostam de partilhar uma boa mesa e boas estórias. já como trabalhadores, tenho dificuldades em aceitar que não gostem sequer de cumprir as obrigações mais básicas dos seus próprios empregos, especialmente aqueles que ocupam lugares na administração pública, e que o laxismo e o "deixa-andarismo" sejam imagens de marca do país. admiro o potencial do país, totalmente inexplorado, em tantas áreas, e tão diferentes, como o turismo ou a energia, que, bem desenvolvidas, tanto poderiam fazer para melhorar o futuro do país; tenho dificuldades em aceitar que ninguém esteja interessado em desenvolver esse potencial, especialmente os políticos, que maior obrigações têm nesse campo, preferindo ocupar-se com um passado distante (demasiado distante) para ser visto sequer como o antecessor desta macedónia, e que em nada pode contribuir para melhorar a vida destes macedónios.
no fundo, é uma relação de amor-ódio a que me liga a este país. sou uma pessoa muito diferente daquela que aterrou em skopje pela primeira vez há 3 anos, e acho (espero) que para melhor. curiosamente, skopje mudou a minha vida de um forma que nunca esperaria: se por um lado encontrei uma mulher extraordinária que me roubou o coração, por outro consegui, finalmente, um emprego na minha área de formação, algo que seria dificílimo de fazer em portugal. como posso eu dizer mal de um país que marca tão profundamente a minha vida pessoal e profissional?...

22 agosto 2009

stranger in a strange land

faz hoje 3 anos...

14 agosto 2009

um país incompleto


a cruz do milénio, situada no topo do monte vodno, nos arredores de skopje, é um dos símbolos da macedónia moderna e encheu de orgulho a comunidade ortodoxa do país. visível de praticamente todos os pontos da cidade, a cruz nasceu após um notável esforço financeiro, que juntou o governo à igreja ortodoxa macedónia e milhares de macedónios de todo o mundo. claro que, à boa maneira macedónia, ninguém se lembrou de definir a quem pertenceria a responsabilidade das despesas de manutenção. no início da semana um problema eléctrico fez com que um dos braços da cruz se apagasse, e agora ninguém quer assumir a responsabilidade. governo e igreja atiram-na constantemente de um para o outro, num pouco dignificante jogo de ping-pong cujo único objectivo é sacodir a água do capote. é, para mim, a imagem perfeita deste país: um país onde ninguém é ou quer ser responsável por nada, onde falta sempre qualquer coisa, onde nada está completo. tudo acontece ou é feito aos bocados, e mesmo quando todos os bocados estão juntos nunca temos a sensação de ter algo completo.

11 agosto 2009

burocracia? não obrigado

neste momento falta-me apenas o carimbo de um notário para poder dizer que tenho toda a papelada em ordem para pedir o bi de cidadão estrangeiro na macedónia.
spoke too soon! nesta merda deste país (hoje estourei!) falta sempre alguma coisa. se não é o impresso x é o documento y; o pior é que o que me aconteceu hoje foi ainda mais caricato. apresentei-me no ministério com todos os documentos necessários para pedir o meu bi, e dizem-me que afinal não posso fazer isso agora porque o meu passaporte tem de ter uma validade superior a 3 meses; ora a validade do meu passaporte é até 10 de novembro deste ano, o que significa que esses 3 meses passaram ONTEM!!! o que me deixa furioso é que nunca, das várias vezes que contactei o ministério, me informaram sobre esta condição; caso soubesse teria naturalmente me dirigido à embaixada e pedido um novo passaporte. agora só em setembro poderei fazê-lo, já que a única pessoa com competência para isso na embaixada em belgrado foi de férias, e depois terei de esperar um mínimo de 2 meses até o receber. é inacreditável a forma como se brinca com as pessoas neste país, a forma como não se demonstra qualquer respeito pelo cidadão, como se estão nas tintas se se gastou uma porrada de dinheiro, se se perdeu horas, dias, semanas, meses para cumprir os requisitos, se se esgotou a paciência, esperou, desesperou, bateu com a cabeça na parede, trinta por uma linha, e mais o diabo a 4. tudo para no final acrescentarem mais um requisito que nunca havia sido mencionado e que não posso cumprir porque passou ontem o prazo, e ontem, quando queria ir apresentar os meus papéis, aquela secção estava fechada...

08 agosto 2009

comments are back

ah, e depois de palmilhar os fóruns da google durante uma boa meia hora lá consegui encontrar a solução para o problema dos comentários, o que significa que podem voltar a mandar os vossos bitaites aqui no estaminé. :D

movimento perpétuo

é um pouco assim que me sinto neste momento: constantemente em movimento. desde que a minha piquena iniciou a fisioterapia sinto-me como uma bola de ténis. saio de casa às 7h30 da matina, e só chego por volta das 10 da noite; pelo meio 8 horas de trabalho e 2h30 de viagens, tudo para poder passar 3 horinhas com ela... é cansativo como a pôrra, mas já se sabe que nestas coisas do amor... o que mais me irrita, no entanto, não são as horas "perdidas" ou o cansaço acumulado; é a falta de condições da clínica em que ela se encontra. a fisioterapia não passa de 2 horas por dia, a alimentação é fraca, especialmente tendo em conta que estamos a falar de pessoas que estão em recuperação após lesões graves, as casas-de-banho são pequenas e as camas desconfortáveis. safa-se a localização: katlanovo é uma aldeia perdida no mapa, é certo, mas é um local calmo e aprazível; a clínica fica encostada a um dos afluentes do vardar, que atravessa skopje, e encontra-se na base de duas enormes montanhas. caramba, alguma coisa havia de ter de bom...
o cansaço acumulado deriva também das continuadas correrias atrás dos documentos, traduções, carimbos e o diabo a 4 a caminho da quimérica licença de trabalho. neste momento falta-me apenas o carimbo de um notário para poder dizer que tenho toda a papelada em ordem para pedir o bi de cidadão estrangeiro na macedónia; depois de o obter, será uma questão de um mês até ter, finalmente, o diabo do autocolante no passaporte, para que deixem de me chatear com entradas e saídas do país. já faltou mais...
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