13 maio 2009

como se fala para uma sala vazia?

os nossos dois últimos debates foram marcados pelo vazio. primeiro no sábado em štip, depois na segunda-feira em skopje. por razões diferentes, em ambas as cidades tivemos uma recepção abaixo do esperado em termos de números, com muitas cadeiras vazias à nossa frente, especialmente em skopje. nas duas cidades as explicações são bastantes diferentes, assim como foi a participação do pouco público presente.
os candeeiros deliciosamente retro do anfiteatro da casa da cultura de štip

no sábado visitamos uma cidade com fortes tradições políticas, tendo sido o local de nascimento dos primeiros presidente e primeiro-ministro da actual república da macedónia, assim como de alguns míticos líderes políticos das frentes revolucionárias macedónias dos séculos XIX e XX. além disso, era um ponto fulcral em várias rotas de comércio, tornando-se assim um ponto de intercâmbio cultural; durante séculos albergou comunidades de várias origens diferentes, sendo um exemplo de multi-etnicidade. a comunidade judaica era a maior da região, até à II guerra mundial, durante a qual a maior parte dos seus membros foi deportada ou assassinada. hoje em dia, a cidade é maioritariamente macedónia, e embora essa multi-etnicidade se tenha perdido, os seus cidadãos têm orgulho no passado multi-cultural da região, e procuram fazer perdurar essa memória. por tudo isto, esperavamos uma participação em peso, mas o facto de ser sábado e estar bom tempopoderá ter contribuido para o alheamento da população local. isto, aliado ao facto de não termos tido, pela primeira vez, a presença de um embaixador (todos marcaram presença em tetovo, para a celebração do dia da europa da missão da ue na macedónia), afastou as pessoas do nosso debate.
monumento de homenagem à antiga comunidade judaica da cidade

no entanto, a participação dos presentes foi bastante interessante: quem esteve na casa da cultura mostrou interesse pelos temas apresentados, e apresentou questões interessantes. devido à ausência de um embaixador, eu fui "empurrado" para a primeira sessão, tendo mesmo sido eu a fazer a primeira declaração do dia. à medida que me vou habituando a falar em macedónio em frente a um público vou-me sentindo mais à vontade; já "navego" bem pelas minhas notas, e não tenho tanta necessidade de olhar para os papéis enquanto falo. o problema maior é se me colocam perguntas: primeiro porque nem sempre percebo o que me estão a dizer; depois porque nem sempre sei como responder. ainda assim, tudo correu bem em štip, onde o meu macedónio foi elogiado por várias pessoas.
já em skopje a explicação para a sala vazia é bastante diferente. a data não foi, nem de longe nem de perto, a melhor: entalados entre o dia da europa, que levou à organização de debates e eventos na segunda-feira (vá-se lá perceber porquê, já que foi no sábado...), e a tomada de posse do novo presidente, que ocorreu ontem e que levou à organização de vários outros eventos, o nosso acabou por atrair pouco interesse. cerca de 30 pessoas, metade das quais ligadas à nossa organização, assistiram ao debate, que só teve uma vantagem: no final estava a 20 minutos de autocarro de casa...

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