este mês o tempo escorrega-me pelos dedos; este enorme desafio de procurar aproximar os macedónios da união europeia e de melhor os informar sobre o processo de adesão está-me a ensinar, da forma mais dura, o significado da expressão "o tempo voa". com as constantes viagens, as aulas de macedónio, ir às compras, etc e tal, tenho passado, em média, 12 horas fora de casa todos os dias... não há blog que resista a estas condições! desde o último post houve mais duas deslocações, e ainda uma festarola toda pipi, mas um cada assunto no seu post!
começamos, então, por quinta-feira, dia em que nos deslocamos a
veles. esta era uma cidade à qual já há muito devia uma visita: para além de ser a terra natal da mãe da vesna, é uma cidade que ganhou nome pelos piores motivos possíveis, visto ter sido várias vezes considerada a cidade mais poluída da europa. talvez por isso mesmo o interesse dos seus cidadãos no nosso debate foi enorme, sendo que para a primeira sessão o anfiteatro da câmara municipal estava completamente cheio, e havia mesmo pessoas que assistiram de pé. não apenas isso, levantaram também questões muito interessantes, sobre vários temas, que levaram a uma discussão interessante e pouco politizada, uma marca infelizmente muitas vezes presente nas ideias dos públicos para quem falamos. na segunda sessão (que é basicamente um q&a acerca da ue), em que mais uma vez tive uma curta intervenção, voltamos a ter uma grande participação, obrigando-nos a alargá-la da habitual hora para quase hora e meia.
o rio vardar, que atravessa tanto veles como skopje: um bom exemplo da poluição que assola a cidade
nesta segunda sessão falou-se sobretudo de um tema muito em voga actualmente, que é a liberalização dos vistos. é uma das coisas que mais incomoda os macedónios, o facto de terem tanta dificuldade em viajar e sair do país. a obtenção de vistos, mesmo de turismo, para entrar no espaço schengen é uma enorme montanha de burocracia, penosa e cara, naturalmente fechada à maioria dos cidadãos. é um daqueles privilégios que nós, cidadãos da ue, temos, e nem damos por ele. este processo tem sido dos poucos em que o governo tem investido um grande esforço, por saber que é uma questão que interessa a milhares de macedónios, e que lhes granjeará muita popularidade quando estiver resolvida (provavelmente próximo do final do ano). infelizmente, até nesta questão os macedónios não estão suficientemente informados, já que acreditam que esta liberalização lhes abrirá as portas do mercado de trabalho europeu; tarda em chegar a explicação do governo que esta liberalização diz apenas respeito aos vistos de turismo, e que assenta num princípio de reciprocidade: basicamente, os macedónios terão no espaço schengen o mesmo estatuto que um cidadão da ue tem na macedónia. isto, por si só, representa no entanto um fantástico ponto de partida, já que a tão necessária mudança de mentalidades só acontecerá se houver a possibilidade de saltar estas fronteiras e barreiras que se lhes levantam, e conhecer outros povos, costumes e culturas; só assim lhes será possível evoluir da típica mentalidade balcânica para algo mais pan-europeu, em que, sem esquecer as suas raízes, adoptem uma postura mais crítica e ambiciosa em relação ao seu país e às suas gentes.
o meu nome escrito em círilico :D
em veles tive também oportunidade de rever uma antiga colega do serviço de voluntariado europeu. é verdade, não fui o único a regressar a este cantinho dos balcãs: a laura, uma simpática gigante (quase 1,90m! :o) da letónia apaixonou-se por um macedónio de veles, e acabou por ficar por cá. há dois meses atrás tiveram o primeiro bébé macedónio-letão de todos os tempos. :D quando falo com jovens por este país fora sobre o sve e outros programas de intercâmbio da ue digo-lhes que são oportunidades únicas e que seguramente mudarão as suas vidas; maior exemplo que o da laura não existe, seguramente! o pequeno ognen (um nome tipicamente eslavo) é um símbolo da nova europa que temos vindo a construir desde os anos 50; que com ele cresça também uma nova macedónia é o meu desejo.
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