ontem passamos o dia em prilep, quarta maior cidade do país, e ao contrário das duas sessões anteriores, tivemos sala cheia. na verdade, os empregados do hotel salida tiveram de ir buscar cadeiras à esplanada, porque não havia cadeiras em número suficiente para todos os que quiseram assistir ao debate. apesar disto, este foi dos eventos de que menos gostei, e isto deveu-se a várias razões. a primeira foi o embaxaidor austríaco, que presenteou a audiência com um discurso extremamente formal e diplomático, e que na fase de perguntas e respostas foi exasperantemente politicamente correcto, dizendo que a quem quis ouvir (e queriam, e muito!) que a macedónia está no caminho correcto para a adesão à união europeia. sabendo de antemão que nós, na segunda sessão, iríamos dizer o contrário, isto deixou o nosso caminho extremamente minado.
depois seguiu-se o presidente da câmara, que aproveitou a ocasião para se auto-promover, limitando-se, na sua intervenção, a enumerar os feitos alcançados do seu mandato anterior e os projectos para o novo mandato. não dedicou uma palavra que fosse à descentralização (um dos temas do debate) e só se referiu a programas comunitários (outros do temas do debate) quando alguma das suas obras estava incluída num desses programas.
para terminar, o público. já havíamos levado com muitas pessoas com discurso politizado, nunca tínhamos levado era com tantas ao mesmo tempo! para além de dar a sensação de que muitos estavam ali para beijar o chão pisado pelo embaixador e pelo presidente da câmara, ainda deixaram um rasto de perguntas inconsequentes, ligadas aos assuntos do costume: a disputa com a grécia, a liberalização dos vistos, a constante vitimização, teorias da conspiração (a europa não gosta de nós, se a bulgária está na ue nós também deveríamos estar, etc etc) e tudo o que de negativo já tínhamos ouvido ao longo deste mês, mas sempre em doses bem mais pequenas. acabei o dia a pensar que prefiro mil vezes a sala meio vazia que encontramos em štip, com pessoas razoavelmente informadas mas interessadas em saber ainda mais, do que a sala cheia de velhos do restelo que tivemos em prilep. de alguma forma não será coincidência que štip seja uma cidade com um forte passado multi-cultural, enquanto que em prilep vemos uma cidade orgulhosa do seu passado nacionalista, berço da primeira revolução macedónia contra os otomanos, e extremamente fechada sobre si mesma.
para terminar o dia em beleza, na viagem de regresso fomos brindados com um exemplo de como não se deve exercer a autoridade: fomos parados por uma operação stop com polícias que, desesperados na caça à multa e embriagados com o pedaço de poder que têm nas mãos, nos retiveram durante 20 minutos à procura de algo (sabe-se lá o quê) que já sabiam que não iriam encontrar. como se tudo isto não bastasse, mal saí da carrinha começou a chover copiosamente. vá que saio quase à porta de casa, e que a chuva serviu para me brindar com uma visão bonita:
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