04 junho 2010

Dos derrames e outra tragédias

Passam hoje 45 dias da explosão na plataforma Deepwater Horizon, ao longo da costa do Louisiana, nos Estados Unidos. Quando as primeiras notícias do incidente surgiram ninguém seria capaz de imaginar as consequências da mesma. A fuga de petróleo que sucedeu a explosão e afundamento da plataforma, descoberta dois dias depois, já causou danos irreparáveis no Golfo do México, e não há qualquer sinal que a BP esteja sequer perto de encontrar uma solução para o problema. Enquanto a escavação de dois túneis que permitam selar a fuga não é concluída (demorará em princípio mais dois meses) a companhia petrolífera tem tentado variadíssimas soluções para conter a fuga até a solução final estar pronta, sempre sem sucesso. Entretanto, o maior desastre ecológico da história dos Estados Unidos vai aumentando de dimensão, afectando centenas de espécies animais, bem com o ganha-pão de milhares de pessoas, da pesca ao turismo, passando até por plantações de arroz e açúcar.

Eu consigo perceber que a extracção de petróleo seja uma actividade perigosa, com riscos elevados e que por mais avançadas que sejam as tecnologias há sempre a possibilidade de algo correr horrivelmente mal. O que não sou capaz de perceber é como, perante o risco de um acidente deste género, as companhias petrolíferas não terem planos de emergência preparados para evitarem catástrofes deste género. Tendo em conta os lucros pornográficos apresentados todos os anos por estas empresas, recuso-me a acreditar que não haja meios para prever e combater este tipo de acidentes. Há meios; são é melhor empregues em prendas e benefícios para as entidades responsáveis por monitorizar o sector. Depois do acidente, vários elementos da Energy Information Administration demitiram-se quando vieram a público notícias sobre a promiscuidade entre esta entidade governamental e as companhias petrolíferas. Para milhares de pessoas e animais, estas demissões chegaram tarde demais.

Claro que a onda (no pun intended) de protestos contra a BP propagou pela net mais rapidamente do que o petróleo no Golfo. Desde alterações ao logo da companhia até uma falsa conta no Twitter em nome das relações públicas da BP vale de tudo para enxovalhar o grande responsável por este desastre. A internet, com todos os seus defeitos, tem esta enorme vantagem: pode-se efectivamente sentir o pulsar do mundo. Por muito que faça em termos de marketing, a BP nunca conseguirá limpar (once again, no pun intended) a sua imagem, especialmente porque há imagens que são difíceis de esquecer. Isto mesmo que os suspeitos do costume tentem ilibar a companhia pela sua óbvia responsabilidade. Sarah Palin, esse génio da política americana e paladina incansável das indefesas empresas petrolíferas, já veio dizer, numa pérola publicada no seu Facebook, que a culpa deste derrame é dos ambientalistas... =|

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