Tendo em conta a disparidade dos números parece de facto algo patética a nossa reacção ao H1N1, mas o que mais me alarma é a razão pela qual tanto se fala numa e se fala tão pouco noutra. Podem dizer-me que o número de vítimas do mundo ocidental não é muito significativo, o que posso aceitar, mas há outro número que me chama a atenção: o tratamento para a estirpe mais vulgar da doença (que afecta mais de metade das pessoas que a contraem) custa 11 dólares. O tratamento inteiro. Imagino que estes medicamentos não constituem uma fatia significativa dos lucros anuais das companhias farmacêuticas, ao contrário de medicamentos para novos vírus como o H1N1. Eu sei que estou a soar a conspiracy theory, mas a forma de actuação destas empresas em África leva-me a desconfiar fortemente dos seus padrões éticos.
O facto da doença estar a evoluir, tornando-se cada vez mais resistente aos tratamentos convencionais, e estar a tornar-se cada vez mais comum nos países da Europa Ocidental, não contribui em nada para acalmar os meus receios quanto à indústria farmacêutica. Espero que o que acabei de escrever não passe de um delírio da minha fértil imaginação alimentada a cafeína (o que é o mais certo - demasiados X Files podem ter consequências nefastas) mas duvido que esta doença possa ser considerada, nos tempos mais próximos, como totalmente erradicada (como chegou a pensar-se nos anos 60). Quem quiser ler mais sobre a evolução da doença nos tempos recentes tem este artigo do EUObserver. É longo, mas vale a pena.
Foto do álbum de Leander Pretorius no Flickr.
Foto do álbum de Leander Pretorius no Flickr.
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