no irão, os últimos dias têm sido dos mais intensos da história do país. as eleições presidenciais prometiam ser das mais concorridas e renhidas de sempre, com dois candidatos fortes e carismáticos, e com campanhas que atraíram milhares de pessoas às ruas das maiores cidades iranianas. a campanha, aliás, ficou marcado por um tom de festa e celebração em torno de dois dos políticos mais populares do país, embora por razões bastante diferentes. o anúncio dos resultados, no entanto, virou o país do avesso. o esperado equilíbrio deu lugar a uma vitória retumbante do presidente em funções, que, segundo a comissão eleitoral, recolheu 64% dos votos. estes números surpreenderam todos aqueles que acompanharam a campanha, mas ainda mais surpreendente foi a reacção dos iranianos.
por norma não são um povo de protesto massivos (massivos, não maciços, como está na moda dizer hoje em dia) a não ser contra o grande inimigo americano. no entanto, perante a possibilidade de uma tremenda fraude eleitoral, o povo saiu à rua, e em números brutais. o país parou para protestar, e o governo e autoridades oficiais fizeram tudo para calar a voz da oposição. há 6 dias que não é possível enviar sms, a maior parte dos conteúdos online (começando por muitos dos serviços de email e instant messaging) estão bloqueados, a comunicação com o exterior é rara. a grande excepção é uma pequena grande ferramenta, que está a ser a grande arma dos iranianos para mostrar ao mundo o que se está a passar no seu país: o twitter.
não sei explicar porque motivo, mas o twitter é o serviço através do qual os hackers iranianos, com a ajuda de hackers do resto do mundo, vão furando o bloqueio imposto pelas autoridades iranianas. jornalistas locais e estrangeiros têm usado o twitter para passar informação que de outra forma nunca passaria as fronteiras do país. a importância deste serviço é tal que os seus responsáveis adiaram, até ao limite do possível, uma quebra para manutenção, que acabou por acontecer a meio da madrugada em teerão, por forma a interromper o mínimo possível o trabalho dos contestários cibernéticos. é algo de extraordinário ver como a internet tem possibilitado a este povo amordaçado dar voz à sua exigência de liberdade, tornando assim mais difícil aos governos ocidentais ignorar os atropelos que o governo iraniano tem cometido aos direitos fundamentais do seu povo. a cobertura de grande parte dos media internacionais tem sido fraca, especialmente a da gigante cnn; todos eles têm sido claramente batidos por canais não oficiais. que a internet sirva, pois então, como arma contra a opressão e a tirania, e que seja uma voz para todos aqueles que de outra forma dificilmente a teriam.
revolution won't be televized, it will be twitterized!
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