Estive de férias. Férias do trabalho, do corre-corre, do não ter tempo pra nada e até, imagine-se, da net, do Twitter, dos blogs. Senti-me desligado do mundo, mais do que gostaria (o que só vem provar a minha dependência cibernética para me manter informado) mas fez-me bem desligar a tomada. E fez-me bem voltar a casa, voltar aos rostos familiares, às paredes e corredores e divisões que conheço tão bem como me conheço a mim. Não sou muito apegado a este tipo de coisas e não coloco âncoras a mim próprio mas depois de ano e meio foi muito bom voltar.
No entanto, e tal como das outras vezes em que voltei depois de longas ausências, voltei a ter uma sensação estranha de já não pertencer àquele mundo. Tudo o que existe neste mundo é-me familiar, menos eu próprio. Como um puzzle em que a imagem que aparece na peça é precisamente a que falta, mas a peça não encaixa porque a forma não é a correcta. Basicamente, encontro-me num ponto em que vivo num constante choque cultural interior e tenho a sensação de que já não sei sentir-me em casa. Não sou de lá, mas de certa forma também já não sou de cá.
Nunca tive essa experiência de viver no estrangeiro, mas reconheço a sensação porque é semelhante ao que senti quando me casei e fui viver para outra casa, com outra pessoa. Durante os primeiros tempos não me sentia "em casa" na minha casa, mas também já não me sentia "em casa" na casa dos meus pais.
ResponderEliminarImagino que, tratando-se de um país e de uma cultura diferentes, no teu caso, esse sentimento deve amplificar-se bastante.
Mas tudo faz parte, não é?
Costumo dizer que quem me tira a minha terra (neste caso a casa onde moro, tira tudo!
ResponderEliminarE sou tão caseiro admiro o caseiro (pão) por ser o mais saboroso. Mas nem todos podem ser assim e as contingências da vida às vezes obrigam-nos a prescindir das nossas melhores coisas.