É um pouco estranho sentir que se faz parte da História, mesmo que uma parte pequenina, e que se está a viver um momento verdadeiramente histórico, mas é assim que me sinto neste momento. As últimas semanas foram vividas com uma enorme intensidade na Macedónia, e não é para menos. Para além de finalmente ter desaparecido a necessidade de obter vistos para viagens inferiores a 90 dias para o espaço Schnegen, permitindo que os Macedónios possam, finalmente, viajar pela Europa sem terem de se sujeitar a um longo, caro, penoso e, bastas vezes, humilhante processo para obter o autocolante no passaporte, a Macedónia deu um passo enorme no processo de adesão à UE, ao obter a recomendação da Comissão Europeia para que se iniciem as negociações entre as duas partes. Momento histórico, para o qual podemos dizer, com uma ponta de orgulho, que fomos contribuindo com o duro trabalho de divulgação de informação e pressão sobre os agentes políticos envolvidos no processo. Suamos as estopinhas, mas valeu a pena.
Naturalmente, esta recomendação fez com que o nosso trabalho aumentasse de volume, o que em parte (juntamente com outras coisas de que espero falar-vos ainda hoje) justifica a minha ausência dos posts. É que esta recomendação não passa disso mesmo e agora depende dos Estados-Membro seguir essa recomendação ou não. Amanhã, os Chefes de Estado e de Governo dos 27 vão reunir-se para decidir se o irão fazer ou não, sendo que paira sobre essa reunião a sombra da Cimeira de Bucareste. Passo a explicar: em Abril de 2008 a Macedónia apresentou-se nessa cimeira da NATO com a candidatura à organização, mas a sua entrada foi vetada pela Grécia, por causa da eterna questão do nome. Agora, é possível que isso venha a acontecer de novo.
Seria triste se tal acontecesse, ver de novo o progresso do país emperrado por esta aberração de problema diplomático, mas é, ao que parece, o mais provável. A Macedónia e os Macedónios precisam que os processos de adesão às instituições internacionais se dê o mais rapidamente possível, mas os políticos locais, cegos pela popularidade que lhes dá bater o pé à Grécia, estão-se nas tintas para isso. Quem sofre, claro, são as pessoas, que iludidas pelo poder que tem o país ao não ceder às pretensões dos Gregos e agarradas a um pedaço de História com mais de 2 milénios, não parece sequer perceber o que está, aqui, em jogo. Amanhã poderia ser um ponto de viragem para o país, o início de uma nova era, mas dada a casmurrice de um país que vive mais de um passado distante do que do seu presente e futuro ficará, à partida, tudo na mesma. Dói trabalhar para o futuro quando toda a gente à nossa volta vive do passado, mas não poderemos baixar os braços só porque os outros o fazem. É mais duro assim? É, sem dúvida, mas quando os resultados aparecem podemos sempre orgulhar-nos de ter estado sempre na linha da frente.